sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


SERVIÇO SOCIAL, FORMAÇÃO, PERSPECTIVAS E ATUAÇÃO

Administrar à sociedade é uma tarefa multicultural e multidisciplinar, ainda mais quando a sociedade em questão tem todas as origens étnicas possíveis e imagináveis, que joga uma multirracialidade num caldeirão genético e deste, extrai um componente polimórfico e polissêmico,  que é o povo brasileiro. Povo que quebra os paradigmas raciais e se supera justamente ao se mostrar como um resiliente povo extremamente adaptado e adaptável a um país de dimensões continentais.
            Culturalmente somos um povo em formação, que num processo globalizador temos o afrouxamento de fronteiras e a canibalização cultural, que se hibridiza com outras culturas e busca ajuste numa sociedade que vive de informação e desdenha do conhecimento. Como então propor uma organização estrutural e conceitual nessa sociedade insurgente nas vielas globalizadas do capitalismo mundial?
            As novas propostas de organização social, segmenta mais ainda esse processo em construção e nos acena com nichos específicos que abordem os diversos tentáculos que se expandem nos movimentos sociais. A administração social, ocupa um desses espaços, não obstante, se verem em conflitos com outras áreas de estudo, uma vez que a delimitação das tarefas podem ser abordadas por vários outros segmentos profissionais.
            No nosso país em plena ditadura de 1964, era a tônica das políticas sociais a proposta de “crescer o bolo para depois dividir” que tinha em Delfim Neto um dos mais determinados defensores. A sociedade se pôs em movimento, pois, vislumbrou que esse bolo nunca seria dividido, e as pulsões sociais funcionam como os bolsões magmáticos que sob altíssimas pressões,  buscam frestas entre as rochas para expandir e se libertar. E quando essa pressão se torna insuportável e consequentemente insustentável ela explode. Assim também é a sociedade, quando pressionada rompe o tecido social e mostra a face do descontentamento.
            Os documentos de Araxá 1967, e Teresópolis 1970, fundeou as bases do que seria o serviço social no Brasil. Portanto era necessário uma revisão paradigmática nas práticas adotadas, atentas a uma nova expansão e reconfiguração do mercado de trabalho que pedia novas políticas onde o profissional trataria o usuário, desvinculando as propostas clientelistas, pois entre o peixe dado e o peixe pescado, a segunda opção fortaleceria a integração desse usuário numa sociedade em que ele se encontrava alijado e o integraria a sociedade.
            Foi necessário se reconfigurar o processo de tratar os diferentes numa sociedade de desiguais, sem incorrer na armadilha do paternalismo aprisionador e reducionista, uma vez que a nossa origem segundo a reflexão de Caio Prado Júnior, nos deixou extremamente dependentes do modelo capitalista colonizador que foi a base do capitalismo brasileiro, ou seja, acumulação de capital para poucos em detrimento de uma grande massa social.Para tanto o profissional do Serviço social, passou a receber formação acadêmica, onde as bases da sociologia serviriam para fundamentar as práticas profissionais do dia a dia.
            Passando pelas ideias de E. Durkheim expostas na sua obra Regras do método sociológico, onde o objeto se sobrepõe ao sujeito, de caráter positivista nos remete a teoria de Comte, onde os fatos sociais se sobrepõe ao indivíduo, ele é produto da sociedade como um todo e portanto, atua coercitivamente sobre o indivíduo o constrangendo. Para Weber podíamos perscrutar esse ser social através de um tipo ideal, observando o que desvia da regra estabelecida para tal tipo. Na perspectiva Marxista procura-se buscar a essência do fenômeno propondo a tese, seguido da antítese e culminando com uma nova tese que fundamenta a sua dialética.
            Mas como aplicar essas bases fundadoras no dia a dia, nas políticas sociais que são propostas pelo Estado, mas que nem sempre são geridas de maneira correta e abrangente? É necessário que o profissional do Serviço social, esteja atento as inferências culturais que faz o homem comum não reconhecer o seu lugar social, possivelmente vítima de uma política comunicacional que reforça cognitivamente o determinismo social, ou seja, as classes sociais lutem ou não são imutáveis, elas podem até mover algumas peças, mas nunca mudarão as estruturas que fundamentam essas mesmas classes.
            A expressão: “Vou falar com a mulher do serviço social”, já traz em si, a percepção que o usuário tem do serviço, ele pensa que o serviço vai de forma paliativa ajudar nessa necessidade premente, sem importar o desdobramento daquele processo que apenas ameniza, quando possível e o faz um usuário contumaz e potencial do serviço oferecido pelo Estado e gerido por profissionais, que não obstante, tem uma preparação aprofundada e criteriosa, passa a ser a mulher da caneta e do papel, que naquele breve momento pode determinar um alívio para a situação premente.
            De fato o Serviço social é muito mais do que isso, voltaremos ao assunto.

                                           Beijos,

Amanda Cristina Souza ( Graduanda em Serviço Social UFPB )



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