SERVIÇO SOCIAL,
FORMAÇÃO, PERSPECTIVAS E ATUAÇÃO
Administrar à
sociedade é uma tarefa multicultural e multidisciplinar, ainda mais quando a
sociedade em questão tem todas as origens étnicas possíveis e imagináveis, que
joga uma multirracialidade num caldeirão genético e deste, extrai um componente
polimórfico e polissêmico, que é o povo
brasileiro. Povo que quebra os paradigmas raciais e se supera justamente ao se
mostrar como um resiliente povo extremamente adaptado e adaptável a um país de
dimensões continentais.
Culturalmente
somos um povo em formação, que num processo globalizador temos o afrouxamento
de fronteiras e a canibalização cultural, que se hibridiza com outras culturas
e busca ajuste numa sociedade que vive de informação e desdenha do
conhecimento. Como então propor uma organização estrutural e conceitual nessa
sociedade insurgente nas vielas globalizadas do capitalismo mundial?
As
novas propostas de organização social, segmenta mais ainda esse processo em
construção e nos acena com nichos específicos que abordem os diversos
tentáculos que se expandem nos movimentos sociais. A administração social,
ocupa um desses espaços, não obstante, se verem em conflitos com outras áreas
de estudo, uma vez que a delimitação das tarefas podem ser abordadas por vários
outros segmentos profissionais.
No
nosso país em plena ditadura de 1964, era a tônica das políticas sociais a
proposta de “crescer o bolo para depois dividir” que tinha em Delfim Neto um
dos mais determinados defensores. A sociedade se pôs em movimento, pois,
vislumbrou que esse bolo nunca seria dividido, e as pulsões sociais funcionam
como os bolsões magmáticos que sob altíssimas pressões, buscam frestas entre as rochas para expandir
e se libertar. E quando essa pressão se torna insuportável e consequentemente
insustentável ela explode. Assim também é a sociedade, quando pressionada rompe
o tecido social e mostra a face do descontentamento.
Os
documentos de Araxá 1967, e Teresópolis 1970, fundeou as bases do que seria o
serviço social no Brasil. Portanto era necessário uma revisão paradigmática nas
práticas adotadas, atentas a uma nova expansão e reconfiguração do mercado de
trabalho que pedia novas políticas onde o profissional trataria o usuário,
desvinculando as propostas clientelistas, pois entre o peixe dado e o peixe
pescado, a segunda opção fortaleceria a integração desse usuário numa sociedade
em que ele se encontrava alijado e o integraria a sociedade.
Foi
necessário se reconfigurar o processo de tratar os diferentes numa sociedade de
desiguais, sem incorrer na armadilha do paternalismo aprisionador e
reducionista, uma vez que a nossa origem segundo a reflexão de Caio Prado
Júnior, nos deixou extremamente dependentes do modelo capitalista colonizador
que foi a base do capitalismo brasileiro, ou seja, acumulação de capital para
poucos em detrimento de uma grande massa social.Para tanto o profissional do
Serviço social, passou a receber formação acadêmica, onde as bases da
sociologia serviriam para fundamentar as práticas profissionais do dia a dia.
Passando
pelas ideias de E. Durkheim expostas na sua obra Regras do método sociológico,
onde o objeto se sobrepõe ao sujeito, de caráter positivista nos remete a
teoria de Comte, onde os fatos sociais se sobrepõe ao indivíduo, ele é produto
da sociedade como um todo e portanto, atua coercitivamente sobre o indivíduo o
constrangendo. Para Weber podíamos perscrutar esse ser social através de um
tipo ideal, observando o que desvia da regra estabelecida para tal tipo. Na
perspectiva Marxista procura-se buscar a essência do fenômeno propondo a tese,
seguido da antítese e culminando com uma nova tese que fundamenta a sua
dialética.
Mas
como aplicar essas bases fundadoras no dia a dia, nas políticas sociais que são
propostas pelo Estado, mas que nem sempre são geridas de maneira correta e
abrangente? É necessário que o profissional do Serviço social, esteja atento as
inferências culturais que faz o homem comum não reconhecer o seu lugar social,
possivelmente vítima de uma política comunicacional que reforça cognitivamente
o determinismo social, ou seja, as classes sociais lutem ou não são imutáveis,
elas podem até mover algumas peças, mas nunca mudarão as estruturas que
fundamentam essas mesmas classes.
A
expressão: “Vou falar com a mulher do serviço social”, já traz em si, a
percepção que o usuário tem do serviço, ele pensa que o serviço vai de forma
paliativa ajudar nessa necessidade premente, sem importar o desdobramento
daquele processo que apenas ameniza, quando possível e o faz um usuário
contumaz e potencial do serviço oferecido pelo Estado e gerido por
profissionais, que não obstante, tem uma preparação aprofundada e criteriosa,
passa a ser a mulher da caneta e do papel, que naquele breve momento pode
determinar um alívio para a situação premente.
De
fato o Serviço social é muito mais do que isso, voltaremos ao assunto.
Beijos,
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